sábado, 16 de março de 2024

📆 *17 de Março de 2024 (Domingo)*

 📆 *17 de Março de 2024 (Domingo)* 

_ _ _ _ _ _ 

*V DOMINGO DA QUARESMA* (Cor roxo, creio - I semana do saltério)*

_ _ _ _ _ _ 

😇 *Santos do dia*

S. PATRÍCIO BISPO, APÓSTOLO DA IRLANDA / S. JOÃO SARKANDER, PRESBÍTERO E MÁRTIR / JOSÉ DE ARIMATÉIA E PAULO DE CONSTANTINOPLA.

_ _ _ _ _ _

⛪ *Antífona de entrada:* 

Fazei justiça, ó Deus, e defendei-me contra a gente impiedosa; do homem perverso e mentiroso libertai-me, ó Senhor! Sois vós o meu Deus e meu refúgio. (Cf. Sl 42, 1-2)

_ _ _ _ _ _ 

☀ *Oração da Coleta* 

Senhor nosso Deus, dai-nos por vossa graça caminhar com alegria na mesma caridade que levou o vosso Filho a entregar-se à morte no seu amor pelo mundo. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus, e convosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos.

_ _ _ _ _ _ 

📖 *1a Leitura - Jeremias 31, 31-34*

_ _ _ _ _ _ 

✉ Leitura do Livro do Profeta Jeremias. 

Eis que virão dias, diz o Senhor, em que concluirei com a casa de Israel e a casa de Judá uma nova aliança; 32não como a aliança que fiz com seus pais, quando os tomei pela mão para retirá-los da terra do Egito, e que eles a violaram, mas eu fiz valer a força sobre eles, diz o Senhor. 33“Esta será a aliança que concluirei com a casa de Israel, depois desses dias, — diz o Senhor: — imprimirei minha lei em suas entranhas, e hei de inscrevê-la em seu coração; serei seu Deus e eles serão meu povo. 34Não será mais necessário ensinar seu próximo ou seu irmão, dizendo: ‘Conhece o Senhor!’ Todos me reconhecerão, do menor ao maior deles, diz o Senhor, pois perdoarei sua maldade, e não mais lembrarei o seu pecado”.

 *Palavra do Senhor.* 

_ _ _ _ _ _

↪ *1a Leitura - Jeremias 31, 31-34*

*Reflexão - “O Espírito Santo é quem sela em nós a Lei de Deus.*

“A Nova Aliança que o Senhor prometeu concluir com a casa de Israel e a casa de Judá já foi consolidada por meio de Jesus Cristo.   Portanto, os dias vindouros a que Deus Pai se refere são os nossos dias, hoje, e a Sua Lei, já foi impressa no nosso coração e não mais apenas na pedra, como era antigamente. O Espírito Santo é quem sela em nós a Lei de Deus e nos ajuda a vivenciá-la. Por isso, a profecia de Jeremias diz que não será mais necessário que ninguém nos ensine, pois todos nós, do menor ao maior, reconheceremos o Senhor. É o Espírito Santo quem nos revela ter chegado o tempo da Misericórdia e do Amor divino, e que o Senhor, na Sua clemência infinita, está sempre disposto a nos oferecer uma nova chance para assumir esta Nova Aliança. A Lei de Deus é o Amor Eterno que, gravado no nosso coração, nos faz reconhecê-Lo em todos os momentos da nossa vida, desde que tenhamos consciência disso. É promessa de Deus o perdão da nossa maldade e o esquecimento dos nossos pecados. Não podemos perder esta nova chance que o Pai nos dá. No Seu amor infinito Ele deseja salvar a todos os seus filhos e, definitivamente, quer nos fazer vivenciar a Lei do Seu Amor, demonstrando isso nos nossos relacionamentos familiares.  Deus faz uma Nova Aliança com a nossa família a partir de nós, por isso, quando entendemos esse mistério nós nos tornamos cúmplices do Seu projeto de Amor para o mundo de hoje. Em todos os dias nós temos a chance de exercitar e colocar em prática a Lei do Amor como uma Nova Aliança de Deus conosco e com todos a quem nós muito amamos.– Você tem aproveitado as chances que Deus lhe tem concedido? – Você tem acolhido o perdão e a misericórdia do Senhor? – Você tem usado de misericórdia também com as pessoas? – Você já assumiu a Nova Aliança de Deus em sua casa ou está ainda esperando dias vindouros?”

_ _ _ _ _ _ 

📖 *Salmo – 50* 

🗣*Criai em mim um coração que seja puro!*

 _ _ _ _ _ _ 

1⃣ Tende piedade, ó meu Deus, misericórdia! Na imensidão de vosso amor, purificai-me! Lavai-me todo inteiro do pecado, e apagai completamente a minha culpa!🗣

_ _ _ _ _ _ 

2⃣ Criai em mim um coração que seja puro, dai-me de novo um espírito decidido. Ó Senhor, não me afasteis de vossa face, nem retireis de mim o vosso Santo Espírito!🗣 

_ _ _ _ _ _

3⃣ Dai-me de novo a alegria de ser salvo e confirmai-me com espírito generoso! Ensinarei vosso caminho aos pecadores, e para vós se voltarão os transviados.🗣

_ _ _ _ _ _

↪ *Salmo – 50* 

*Reflexão* - “A experiência de salvação que o Senhor quer ter conosco, acontece na nossa vida, dia a dia. Um coração puro e despojado, um espírito decidido e confiante são características de quem vive desde já a salvação de Jesus exercitando isso dentro da sua casa.  Os sacrifícios e os holocaustos são práticas do passado e não têm nenhuma validade na conjuntura atual. Hoje, o Senhor nos pede apenas uma alma penitente e um coração arrependido e cheio de amor. Isto nos basta para que tenhamos uma experiência com a salvação que o Pai nos preparou em Jesus Cristo!”

_ _ _ _ _ _

📖 *2a Leitura - Hebreus 5, 7-9* 

_ _ _ _ _ _ 

✉ Leitura da Carta aos Hebreus.

Cristo, nos dias de sua vida terrestre, dirigiu preces e súplicas, com forte clamor e lágrimas, àquele que era capaz de salvá-lo da morte. E foi atendido, por causa de sua entrega a Deus. 8Mesmo sendo Filho, aprendeu o que significa a obediência a Deus por aquilo que ele sofreu. 9Mas, na consumação de sua vida, tornou-se causa de salvação eterna para todos os que lhe obedecem.

 *Palavra do Senhor.* 

_ _ _ _ _ _  

↪ *2a Leitura - Hebreus 5, 7-9**

*Reflexão - “O Plano de Deus é a salvação”*

“Jesus viveu aqui na terra como qualquer um de nós, por isso, passou por dificuldades, fez súplicas ao Pai, pediu piedade, sofreu e até chorou. No entanto, era também Deus mas não quis ter privilégios.  Cumpriu a missão que lhe fora destinada não se prevalecendo da Sua condição divina e como todo homem, quando estava angustiado Ele se dirigia ao Pai com forte clamor. Mesmo sendo Filho Jesus aprendeu a obedecer, por isso, passou pela Cruz e “tornou-se causa de salvação eterna para todos os que lhe obedecem”. “Aprendeu a obediência por meio dos sofrimentos que teve”, tornando-se, assim, o autor da salvação.   Confiante na vitória e submisso à vontade do Pai, Ele passou pela angústia e pela morte, para nos ensinar que quando aceitamos a vontade do Pai e O obedecemos, nós também temos a vitória garantida, ainda que tenhamos de enfrentar a cruz e até a morte, pois os planos do Senhor para nós estão muito além das nossas expectativas humanas.  O Plano de Deus é a salvação para nós, para a nossa família e toda a humanidade. Precisamos, então, refletir sobre como estamos enfrentando as dificuldades da nossa caminhada, principalmente neste tempo em que todos estamos passando por situações cada vez mais inexplicáveis. Qual será o recado que Deus está dando à humanidade, atualmente? Na maioria das vezes queremos privilégios, desejamos ser poupados dos sofrimentos, no entanto, ao mesmo tempo queremos ser seguidores de Cristo e colaboradores do Seu Plano de Salvação. Se somos seguidores de Cristo, devemos ter coerência e perceber qual será o nosso papel de cristão diante do que presenciamos nas pessoas que estão desalentadas e desatinadas. – Faça hoje uma reflexão e perceba qual é o ponto em que você está querendo fugir para não sofrer ou para não se comprometer com o seguimento de Cristo. -  E quando o tempo passar, o que ficará de você?

  _ _ _ _ _ _

🍞🍇 *Evangelho - João 12, 20-33* 

_ _ _ _ _ _ 

 _Glória a vós, ó Cristo, verbo de Deus._ 

_Se alguém me quer servir, que venha atrás de mim; e onde eu estiver, ali estará meu servo. *(Jo 12, 26)*_

_ _ _ _ _ _ 

*Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo✝ segundo São João* 

Naquele tempo, 20havia alguns gregos entre os que tinham subido a Jerusalém, para adorar durante a festa. 21Aproximaram-se de Filipe, que era de Betsaida da Galileia, e disseram: “Senhor, gostaríamos de ver Jesus”. 22Filipe combinou com André, e os dois foram falar com Jesus. 23Jesus respondeu-lhes: “Chegou a hora em que o Filho do Homem vai ser glorificado. 24Em verdade, em verdade vos digo: Se o grão de trigo que cai na terra não morre, ele continua só um grão de trigo; mas, se morre, então produz muito fruto. 25Quem se apega à sua vida, perde-a; mas quem faz pouca conta de sua vida neste mundo, conservá-la-á para a vida eterna. 26Se alguém me quer servir, siga-me, e onde eu estou estará também o meu servo. Se alguém me serve, meu Pai o honrará. 27Agora sinto-me angustiado. E que direi? ‘Pai, livra-me desta hora?’ Mas foi precisamente para esta hora que eu vim. 28Pai, glorifica o teu nome!” Então, veio uma voz do céu: “Eu o glorifiquei e o glorificarei de novo!” 29A multidão que aí estava e ouviu, dizia que tinha sido um trovão. Outros afirmavam: “Foi um anjo que falou com ele”. 30Jesus respondeu e disse: “Essa voz que ouvistes não foi por causa de mim, mas por causa de vós. 31É agora o julgamento deste mundo. Agora o chefe deste mundo vai ser expulso, 32e eu, quando for elevado da terra, atrairei todos a mim”. 33Jesus falava assim para indicar de que morte iria morrer.

*Palavra da Salvação.* 

_ _ _ _ _ _ 

↪ *REFLEXÃO*

 *”Sua angústia foi redimida pela angústia de Cristo.”*

“Neste 5.º Domingo da Quaresma, a Igreja proclama o Evangelho de São João (12, 20-33), uma passagem bastante peculiar na qual alguns gregos vão até Filipe e pedem para ver Jesus. Estamos nos aproximando da Semana Santa, e o 5.º Domingo da Quaresma, no calendário litúrgico antigo, antes da reforma conciliar, dava início a um tempo especial chamado Tempo da Paixão. Não existe mais essa denominação no atual calendário litúrgico; porém, a partir da segunda-feira que segue a 5ª Semana da Quaresma, os padres irão usar na Missa os chamados Prefácios da Paixão. Dali em diante, iremos contemplar de forma cada vez mais clara a Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo. Ora, quando se lê a Paixão de Jesus conforme os evangelhos sinóticos — Mateus, Marcos e Lucas —, encontra-se o relato da agonia de Nosso Senhor Jesus Cristo no Horto das Oliveiras. No entanto, o relato da agonia não está presente em São João. O Evangelho de São João refere-se à realidade da agonia exatamente na passagem proclamada neste domingo: “Agora, sinto-me angustiado. E o que direi? ‘Pai, livra-me desta hora?’ Mas foi precisamente para esta hora que eu vim. Pai, glorifica o teu nome!” (v. 27). É nesse contexto de uma perturbação interior de Jesus, nessa agitação diante da morte, que nos encontramos hoje. Esse movimento interior de Jesus é transmitido também pela Segunda Leitura, da Carta aos Hebreus: “Cristo, nos dias de sua vida terrestre, dirigiu preces e súplicas com forte clamor e lágrimas àquele que era capaz de salvá-lo da morte” (Hb 5, 7). Ora, quando foi que Jesus fez isso? No Horto das Oliveiras, porém, no Evangelho de hoje, que precede a agonia do Getsêmani, já se anuncia a perturbação interior de Cristo. O que realmente está acontecendo com Jesus? Por que ficou perturbado diante da realidade da morte? Por que, para usar a linguagem de São Marcos, no capítulo 14, “Ele ficou triste e angustiado”, começou a sentir medo e pavor? Antes de entrar na psicologia de Cristo, exploremos um pouco mais o contexto do Evangelho. O Evangelho fala de uns gregos que queriam ver Jesus, por isso vão falar com o Apóstolo Filipe. Filipe procura André, e os dois conduzem a Cristo aquele grupo de pagãos. Como Jesus se manifesta a eles? Ele poderia muito bem se apresentar como o Messias esperado. Afinal de contas, era o que todo o mundo já estava mais ou menos entendendo. Além disso, esses gregos não eram simples gentios; eram provavelmente prosélitos, ou seja, pessoas que não pertenciam à raça judaica, mas que observavam a Lei revelada no Antigo Testamento. Essa é a única explicação possível, visto estar escrito que eles subiram a Jerusalém “para adorar durante a festa” (v. 20). Pois bem, esses gregos poderiam ver Jesus como o Messias. Poderiam até ir além, como fez São Pedro no Evangelho de São Mateus, e dizer publicamente: “Tu és o Messias, o Filho de Deus vivo” (Mt 16, 16). Mas quando os gregos dizem: “Nós queremos ver Jesus”, Jesus não se apresenta como Messias. Apresenta-se como vítima, uma das realidades que temos mais dificuldade de enxergar hoje em dia. Entre os “simpatizantes” da religião cristã, como esses prosélitos gregos do início do Evangelho, alguns até chegam a admirar Jesus. Vão, por assim dizer, até certo ponto. Veem nele um mestre, uma pessoa vinda do Céu, quem sabe um “avatar”, um “iluminado”, um sábio, um “espírito-guia”… Mas nenhum deles reconhece em Jesus o que Ele está querendo manifestar. Ele se manifesta como vítima na Cruz. É uma das últimas frases do Evangelho deste domingo: “Quando eu for elevado da terra, atrairei todos a mim” (v. 32). É na Cruz que Jesus nos atrai. Queremos vê-lo, mas a luminosidade de Cristo vem justamente da Cruz, realidade que, por si mesma, pode parecer tenebrosa. Uns gregos dizem: “Queremos ver Jesus”. Os povos todos que ouvem falar de Cristo o repetem: “Queremos conhecê-lo”, e até conseguem enxergá-lo em parte: o Jesus atraente, que brilha na sua doutrina sublime e elevada, nos seus milagres numerosos, nas suas virtudes e atitudes humanas. Os admiradores de Jesus param por aí. Os verdadeiros discípulos, os que têm fé em Jesus e o amam, precisam dar mais um passo, ou seja, devem compreender que Ele se manifesta glorioso num momento que, humanamente falando, é o mais tenebroso. Jesus é o tesouro escondido na Cruz. Levantado sobre a terra, esconde o seu fulgor aos olhos da carne, mas manifesta sua glória aos que têm fé. Neste Tempo da Paixão, temos de entender que, se queremos conhecer Jesus, precisamos nos aproximar dele como vítima de amor. Querer conhecê-lo, e deixar a Cruz de lado, quase entre parênteses, é impossível. A Igreja, então, nos ensina pedagogicamente a conhecer Cristo, que nos atrai com a glória escondida na Cruz. Neste 5.º Domingo da Quaresma, a liturgia nos aconselha a cobrir as imagens com um véu roxo, inclusive as cruzes. A Cruz de Cristo, agora coberta de roxo, está nos dizendo: “Em mim se esconde uma revelação” (‘revelação’ quer dizer ‘tirar o véu’). Ao olhar humano, esse véu é espesso, véu de dor, de fracasso e de angústia. O que é a Paixão de Cristo ao olhar humano? A derrota total, algo impenetrável, no qual nada há de bom. Diante da Cruz, fazemos o que narra o profeta Isaías, ao falar do Servo sofredor: “Seu aspecto era tão desfigurado, tão terrível, que era de alguém do qual se vira o rosto”. Esse é o olhar humano; mas debaixo do véu de torturas, de “fracasso”, de dor, oculta-se a glória que Jesus quer nos manifestar. Ele nos explica esse segredo com uma singela parábola — mais que uma parábola, é uma metáfora, uma comparação —, dizendo: “Se o grão de trigo cai na terra, não morre, continua a ser só um grão de trigo; se morre, então produz muito fruto”. Essa comparação traz em si a realidade profundamente verdadeira de que há algo vivificante na morte aceita por amor. A humanidade olha para a Cruz de Cristo, e vê um crime, um justo e inocente condenado à morte por juízes iníquos. Mas, debaixo do véu da realidade visível do crime, há uma doação de amor, uma entrega total que só enxerga quem tem fé. Os gregos dizem: “Queremos ver Jesus”, e talvez você também esteja dizendo: “Eu quero ver Jesus”. Você tem buscado a Igreja, ido à Missa, a grupos de oração, a pastorais e a grupos de jovens. Com isso, você está buscando Jesus, quer ter dele conhecimento direto: “Queremos ver Jesus”, mas você nunca o verá, de fato, enquanto rejeitar a Cruz, enquanto for um daqueles que viram o rosto diante da Cruz horrorizados. É preciso penetrar um véu espesso para enxergar o que está por trás da Cruz: o amor. Voluntariamente, Jesus se entregou por amor a nós. Talvez alguém esteja se perguntando: “Se foi ‘voluntariamente’ que Jesus se entregou por amor, como é possível que Ele tenha suado sangue no Horto das Oliveiras? Como é possível aceitar aquela descrição do evangelho de São Marcos, de um Cristo apavorado no Horto das Oliveiras?” Trata-se do capítulo 14 do Evangelho de São Marcos. No versículo 33, Jesus leva consigo Pedro, Tiago e João, e começa a sentir pavor e angústia. Se Jesus está se doando livremente, por que sente pavor e angústia? Ele chega a confessar a esses seus três amigos íntimos: “Sinto uma tristeza mortal. Ficai aqui e vigiai” (Mc 14, 34). Se Ele suou sangue, sentiu uma tristeza mortal, angústia e pavor, como é possível que tenha feito disso tudo um ato livre de amor? Santo Tomás de Aquino nos explica isso. Em nosso mundo interior, temos o que é próprio da alma humana, a faculdade racional e a vontade; bem como aquilo que é comum aos animais, a parte sensitiva, que corresponde, de acordo com a ciência moderna, a fenômenos cerebrais. Ora, nosso cérebro segue uma lei básica e fundamental: “Foge da dor, busca o prazer”. Em Jesus, o cérebro, as emoções, o psiquismo — para usar uma linguagem moderna —, ou seja, as paixões, a realidade sensível, tudo estava submetido à razão. Jesus, homem perfeito, tinha pleno controle das paixões. Nós, pelo contrário, sofremos com elas. Não temos escolha. Quando se sente medo, sente-se medo. O medo não nos pede licença. O que se faz com ele já é outra história: podemos controlá-lo, direcioná-lo ou sucumbir a ele; mas o medo, como qualquer outro sentimento, vem sem ser convidado. Quando se sente angústia, sente-se angústia. Até podemos controlá-la fazendo oração ou tomando quiçá um ansiolítico; mas, em todo caso, não pedimos para sentir angústia; ela nos vem sem que peçamos. Em Jesus isso não ocorria, sendo Ele homem perfeito, com perfeito governo de seus sentimentos. No entanto, Ele quis redimir o nosso mundo emocional, por isso aceitou livremente toda a nossa miséria quando “chegou a sua hora”. No mesmo Evangelho de São João, no capítulo 2, o Senhor disse à Virgem Maria: “A minha hora ainda não chegou” (Jo 2, 4). Agora Jesus diz: “Que direi, Pai? ‘Livra-me desta hora?’ Mas foi precisamente para esta hora que eu vim” (Jo 12, 27). Chegada a hora, Jesus faz o quê? Solta as rédeas do seu mundo emocional para viver nossas angústias, dores e tristezas, para assim redimi-las. É uma grande consolação ver a angústia de Jesus neste Evangelho e no Horto das Oliveiras. Consola-nos saber que Ele viveu a angústia pensando em nossas angústias. Se você está abatido, angustiado ou “triste até a morte”; se você tem medo, terror ou pavor; se você está deprimido e desanimado, saiba que Jesus, ao padecer esses sentimentos terríveis, pensava em você, e permitiu ao seu corpo sentir todas essas emoções, a fim de redimir o nosso mundo emocional. A tristeza de Jesus redime a sua tristeza; a agonia dele, a sua agonia: Ele, angustiado, pensava nas suas angústias; triste, pensava nas suas tristezas; com medo e pavor, pensava no seu medo e no seu pavor, e assim os redimia, como que nos dizendo: “Tu és meu. Vim para sofrer por ti, para mudar o teu mundo interior, para curar as tuas paixões, os teus sentimentos. Confia em mim, crê em mim”. É necessário esse ato de fé. Sem isso, quando virmos Jesus (como queriam os gregos do Evangelho), o que de fato iremos enxergar, escandalizados, será o véu espesso da Cruz: crime, sofrimento, angústia, dor; numa palavra, um homem abandonado por todos, até por Deus. Mas com fé, podemos penetrar o véu espesso do escândalo da Cruz e então ser atraídos. A glória de Deus irá brilhar para nós, e veremos o Coração de Cristo, que por nós viveu tudo isso, abrasado de amor. Sim, Ele pensava em cada um de nós. Quando alguns gregos foram vê-lo, Jesus olhou para eles e viu o seu rosto, e, sabendo que era por isso que você estaria passando — suas angústias e suas dores —, disse-lhes: “Chegou a hora de o Filho de homem ser glorificado” (v. 23). É preciso ter fé para ver a glória; do contrário, só se enxerga o véu espesso da carne, totalmente dilacerada. Se tiver fé, também você verá a glória do Filho de homem, porque irá perceber que, se Ele não caísse na terra para morrer como grão de trigo, você estaria sozinho. Mas você não está sozinho, porque Ele deu a vida para salvar a sua. Portanto, olhe para a sua dor e creia que já não é você quem sente dor; é Cristo quem sofre em você. Olhe para o seu coração, tomado de angústia, tristeza e pânico, e creia que já não é você quem sofre; é Cristo quem sofre em você. Então você ouvirá a voz do Senhor, voz do Altíssimo que, como um trovão, ressoa: “Eu o glorifiquei e o glorificarei de novo” (v. 28). Assim, a luz e o amor de Cristo brilharão e você poderá entrar no Tempo da Paixão, com uma fé sólida, penetrando o véu do escândalo da carne, para ver a glória do amor escondido no Crucificado.” 

*_Comentário do Evangelho: Pe. Roger Araújo (Canção Nova: https://cancaonova.com/)_

*_Outros Comentários:: Helena Serpa (Blog: https://blogdasagradafamilia.blogspot.com/)_


Nenhum comentário:

Postar um comentário

📆 *14 de Outubro de 2024 (2a Feira)*

  📆 *14 de Outubro de 2024 (2a Feira)* _ _ _ _ _ _ *SEGUNDA-FEIRA DA XXVIII SEMANA DO TEMPO COMUM* (Cor Verde)  _ _ _ _ _ _ 😇 *Santos do d...